Testemunho da jovem abolicionista Ismaela Menezes, 18 anos

Ismaela Menezes, jovem abolicionista do sistema da prostituição, partilha a sua experiência enquanto ativista que tenta conscientizar as e os jovens à sua volta:

É comum entre adolescentes ouvir “piadas” ou frases que envolvam a prostituição.Eu mesma o fiz no passado. Não o dizemos de forma a menosprezar ninguém, apenas não temos informação sobre o assunto, e reproduzimos este tipo de conversas.

Quando perguntei às minhas amigas o que achavam do sistema da prostituição, todas responderam ser uma escolha e mostraram desinteresse.

A falta de informação faz com que isto aconteça. Ninguém relaciona a prostituição com o tráfico humano, por exemplo.

Depois há sempre a conversa “mesmo que algumas sejam obrigadas a prostituírem-se, há muitas que vão porque querem, e sabem onde estão a meter-se”. Quando me disseram isto, tentei explicar que quem “escolhe” está apenas a tentar sobreviver.

Eu acredito que mudei o ponto de vista de algumas pessoas.

Também acredito que o desinteresse que me mostraram foi devido à falta de empatia. Como elas não conseguiram colocar-se no lugar da pessoa prostituída e como é algo que, provavelmente, nunca lhes vai acontecer, não dão importância.

Acho que é importante mostrar às e aos jovens que, mesmo que improvável, pode acontecer a qualquer um/a de nós, seja numa situação de desespero ou exploração sexual forçada. Porque, por vezes, o pensamento de que só acontece com às/aos outras/os pode levar ao desinteresse. “Nunca vai acontecer connosco”, não é uma certeza.

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