Roxane Lundy

Roxane Lundy é uma defensora da igualdade de género. Tornou-se politicamente ativa como membro da associação “Osez le Féminisme”. Durante o verão de 2014, trabalhou com a deputada Maud Olivier sobre a abolição da prostituição e juntou-se ao “Mouvement des Jeunes Socialistes”.

No início da campanha presidencial de 2017, trabalhou no secretariado geral da campanha de Benoît Hamon, antes de se tornar membro da direção do “Mouvement Jeunes Socialistes”. Foi eleita presidente do MJS França em Fevereiro de 2018 e juntou-se à Génération-s, o movimento ecologista e socialista formado por Benoît Hamon.

Espera continuar a apoiar a causa feminista no contexto deste movimento.

Comunicação na sessão Jovens promovendo a igualdade social

A nossa geração deve poder escolher em que mundo quer viver. Iremos herdar uma sociedade profundamente marcada por desigualdades sociais, onde não terás nem os mesmos direitos nem as mesmas limitações de acordo com o teu género. Cabe-nos a nós [jovens] quebrar estas injustiças e impor um novo sistema de valores.

É por isso que estamos convencidas/os de que é essencial para a juventude lutar pela abolição da prostituição. Cabe-nos a nós afirmar que aspiramos viver num mundo livre de dominação masculina e exploração económica: um mundo de solidariedade e respeito pelos direitos humanos. Temos de defender a ideia de que a prostituição não é sexualidade, mas sim dominação, seja dominação masculina ou económica. Enquanto o sistema da prostituição tornar a violência uma norma suprema, nós – jovens progressistas e feministas – fazemos a escolha de estar do lado da dignidade humana e construir uma sociedade que garante a liberdade e igualdade sexual entre mulheres e homens.

Em França, conseguimos mobilizar-nos. A nossa geração está muito preocupada com este assunto: 83% das/os jovens entre os 18-25 anos são a favor da penalização dos clientes. Juntamente com várias associações de estudantes, associações feministas e organizações de juventude de esquerda, lançámos em França um coletivo chamado “Youth for Abolition” (Juventude pela abolição), em setembro de 2013 para fazer com que as nossas vozes fossem ouvidas no debate político.

A adoção da lei de abrilde 2016 garantiu novos direitos às pessoas prostituídas e vítimas de tráfico humano. É baseada em quatro pilares:

  • Acompanhamento das pessoas na prostituição, que são descriminalizadas, e a implementação de estratégias de saída da prostituição juntamente com um combate mais intenso contra a procura e tráfico humano;
  • Penalização da compra de sexo;
  • Combate contra a procura na internet;
  • Educação sexual para combater a “mercantilização” dos corpos.

A luta pela abolição da prostituição é crucial para a luta pela igualdade de género. Não podemos aceitar a ideia de que o corpo da mulher pode ser comprado, reduzido a um objeto cujo único objetivo é satisfazer o desejo de um homem. Sancionar o recurso à prostituição é proibir a imposição de um ato sexual devido a problemas económicos, um consentimento monetário.

Os rapazes crescem sabendo que é proibido aceder ao corpo e sexualidade de outrem através da força ou do dinheiro. É também uma mensagem poderosa para as raparigas, para as relembrar que têm o direito de viver a sua sexualidade em completa autonomia. É sobre defender a liberdade sexual e autonomia. Queremos que a sexualidade seja baseada no desejo mútuo, não no dinheiro ou na violência. Com programas de prevenção e educação sexual, podemos reduzir a violência de género e libertar mulheres e homens.

A abolição da prostituição também representa um progresso real para pessoas na prostituição, que estão em situações de grande vulnerabilidade.

O que defendemos é claro: a vergonha tem de mudar de lado. Seria impensável que as vozes das mulheres na prostituição não fossem ouvidas ao mesmo tempo que um grande movimento [de sobreviventes] tem crescido com o #MeToo.

Graças a esta lei, em França, as mulheres na prostituição já não podem ser penalizadas, já que a ofensa criminal de aliciamento foi finalmente eliminada, mas os clientes, que alimentam o sistema da prostituição, devem pagar uma multa de 1500 euros. Todos os meios têm de ser aplicados para a aplicação efetiva da lei. Desta forma, a sociedade admite que as prostitutas já não são delinquentes. Pelo contrário, a lei reconhece o mal que lhes é feito na prostituição e abre novos caminhos para as apoiar.
É o dever dos nossos países assumir o seu compromisso contra a exploração das suas cidadãs e cidadãos e de pessoas estrangeiras, que são as mais vulneráveis, em particular mulheres e crianças. As mulheres entram na prostituição com cerca de 14 anos de idade.

Enquanto algumas pessoas gostariam que renunciássemos a mudar a sociedade e explicam que não podemos fazer nada contra “a mais velha profissão do mundo”, devemos ter em conta que o desejo de abolir a prostituição é tão importante para os direitos humanos como a abolição da escravatura.

A França foi o quinto país a adotar uma polícia abolicionista, juntamente com a Suécia, Islândia, Noruega e Canadá. Agora, a luta contra o sistema da prostituição deve estender-se a toda a Europa. Se continuamos a mobilizar-nos hoje, é porque queremos que o máximo de pessoas possíveis continuarem a ter acesso a estes novos direitos. Lutas corajosas estão a acontecer em toda a Europa. As primeiras vitórias foram ganhas, como o relatório Honeyball sobre exploração sexual e prostituição. Edward Young disse que a juventude era a “época da ação”. Bem, por toda a Europa, a juventude deve agir para a abolição da prostituição.

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